Os modelos de liderança clássicos já não servem mais para os desafios enfrentados no mundo atual.

A liderança passou a ser exercida sob novas perspectivas. Vivemos tempos velozes. Essa velocidade está desnorteando as pessoas e, consequentemente, as organizações. As pessoas estão meio sem rumo. Assim, as organizações precisam de líderes, em seus postos de comando, para indicar o rumo a seguir. Na verdade, elas precisam muito mais do que líderes. Precisam de dirigentes, ou seja, pessoas que consigam exercer com maestria os papéis de líder e gestor(a).

Mas há um problema: faltam líderes nas organizações. Parte dessa carência tem a ver com a forma como muito(a)s líderes foram – e são – formados. Nos últimos tempos, ‘gurus’, manuais de liderança com foco em questões objetivas e ‘pseudocoaches’ têm comprometido a formação de líderes. Já passou da hora de mudar esta realidade.

Para formar e desenvolver líderes é preciso falar e discutir sobre temas, como felicidade, companheirismo, sonhos, causa, propósito, valores, coragem, humildade e arte. É, pessoal, arte! Sabem por quê? Porque liderança pressupõe, acima de tudo, algo que é próprio da arte: sensibilidade. Líderes precisam ter sensibilidade para perceber o que está oculto, para se colocar no lugar do outro, para ir além do óbvio.

Para liderar é preciso ter coragem. Coragem, entre outras coisas, para tomar decisões difíceis, posicionar-se, colocar o interesse coletivo à frente do seu interesse individual, reconhecer que erra e pedir desculpas. Tudo isso nos remete a um outro fator importantíssimo para o exercício da liderança: humildade. É preciso reconhecer que nunca sabemos de tudo, estar aberto ao novo e ser despretensioso na maneira como nos relacionamos com os outros. Humildade para corrigir sem ofender e orientar sem humilhar, como bem falou o filósofo Mario Sergio Cortella.

A cada dia, o mundo está evoluindo da valorização do tangível (capital, equipamentos, processos) para a valorização do intangível (relacionamentos, experiências, valores, confiança). Para liderar é preciso entender que nem tudo que tem valor e é importante está nos manuais ou cabe em uma planilha Excel. É preciso agir com ética, integridade e respeito, gerar confiança e compartilhar sonhos. Quem lidera não sonha só, sonha junto. E sonhos não cabem em planilhas.

Enquanto o(a) dirigente, em seu papel de gestor(a), administra, gerencia, comanda e controla, como líder, cuida. Cuidar significa respeitar, entender, tomar conta (não no sentido de controlar), interessar-se pelo outro, servir, incentivar e desenvolver. É estar atento ao estrago das pequenas ondas. É construir resultados com as pessoas, reconhecendo, recompensando e realizando avaliações coerentes e justas. É ser orientado para a equipe, sem descuidar das metas da organização.

Assim, como cada ponto de vista tem a vista do seu ponto, quando mudamos a forma de ver as coisas, as coisas mudam de forma. Precisamos evoluir o escopo da formação e desenvolvimento das nossas lideranças. É preciso fazer diferente para fazer a diferença. Eu acredito nisso… e você?

Por Albírio Gonçalves

Fonte: albiriogoncalves.com.br