O crédito oferecido por bancos tradicionais a empreendedores sempre foi restrito. Mas a crise econômica piorou a situação: os bancos, mais avessos ao risco e temendo o aumento da inadimplência, reduzem ainda mais a oferta de empréstimos. Como resultado, o micro e pequeno empresário encontra poucas opções para ganhar fôlego financeiro e paga caro por elas.

Contudo, sites como Biva, Nexoos, Lendico, Geru, Credisfera, Creditas e Rapidoo, que atuam como correspondentes bancários, buscam mudar essa realidade ao oferecer taxas de juros mais baixas para mais empreendedores. Isso é possível pela diminuição na burocracia do processo de tomada do dinheiro, custos menores com pessoas e estrutura da empresa e uma análise de crédito mais flexível – todos graças ao uso de novas tecnologias e ao caráter digital dos negócios.

O Biva e Nexoos atuam no modelo de peer to peer lending, que ainda engatinha no Brasil, mas já é bem desenvolvido em outros países. O modelo de empréstimo consiste em unir pequenas empresas a investidores, pessoas físicas interessadas em obter rentabilidade com os juros cobrados nos empréstimos. Como o risco é diluído entre um grupo de investidores, é possível conseguir mais dinheiro com juros mais baixos.

Já o Creditas oferece apenas empréstimos com bens em garantia, como imóveis e veículos, enquanto o Rapidoo atua na modalidade de antecipação de recebíveis (factoring) e Lendico, Geru e Credisfera no crédito pessoal, que acaba sendo usado por microempreendedores.

Veja abaixo as taxas de juros oferecidas por cada um deles e compare:

Site Tipo de empréstimo Taxa de juros Valor do empréstimo Parcelamento Requisitos
Biva Coletivo sem garantia, para capital de giro; expansão comercial; aquisição de equipamentos e refinanciamento de dívidas 1,7% a 6,3% ao mês R$ 3 mil a R$ 500 mil Até 24 meses Micro, pequenas e médias empresas com data de fundação superior a 15 meses
Nexoos Coletivo sem garantias para capital de giro, expansão da empresa, refinanciamento de dívidas com pessoas físicas interessadas em investimento mais rentáveis 1,4% a 2,6% ao mês R$ 25 mil a R$ 200 mil Até 24 meses Faturamento mínimo de R$ 250 mil ao ano e pelo menos 2 anos de CNPJ ativo
Lendico Empréstimo pessoal sem garantias 2,76% a 6,88% ao mês R$ 2,5 mil a R$ 50 mil Até 36 meses Análise de crédito
Geru Empréstimo pessoal sem garantias 2% a 5% ao mês R$ 2 mil a R$ 50 mil Até 36 meses Não concede empréstimos para pessoas jurídicas, mas autônomos e micros/pequenos empresários podem usar a plataforma utilizando seu próprio CPF
Creditas Com garantia de imóvel ou automóvel 1,15% a 3,5% ao mês R$ 2 mil a 50% do valor de imóvel 24 meses até 20 nos Imóvel em nome próprio ou veículo que pode estar até 50% financiado. O empréstimo não pode ser feito em nome da empresa, mas pode ser utilizado um bem comercial.
Credisfera Empréstimo pessoal sem garantias 3,4% a 8,9% ao mês R$ 3 mil a R$ 15 mil Até 18 meses CPF válido, ter entre 21 e 65 anos, ser titular de uma conta corrente ou de poupança, comprovante de residência, comprovante de renda (acima de R$ 1,5 mil) e documento de identificação válido
Rapidoo Factoring (antecipação de recebíveis) 4% a 6% ao mês Até R$ 40 mil De acordo com o prazo de pagamento do título Fornecer serviços ou produtos para outras empresas, ser emissora de Nota fiscal eletrônica da Receita Federal e estar sediada no estado de São Paulo. O cliente não pode estar negativado.

Como funcionam

O Nexoos tem 500 investidores ativos e já concedeu mais de 8 milhões de reais em empréstimos desde sua fundação, em 2014. É uma média de 100 mil reais para cerca de 80 empresas, que faturam em média 250 mil reais por ano. As taxas variam de 1,4% a 2,6% ao mês. “Para formar a taxa, consideramos o grau de risco do negócio e a capacidade de a empresa honrar o pagamento”, conta Daniel Gomes, CEO do site.

O diferencial do Nexoos com relação a um banco tradicional, conta o executivo, é sua análise de crédito. “Conseguimos selecionar melhor para quem vamos emprestar o dinheiro, o que nos permite cobrar uma taxa menor pelo serviço. Além disso, temos um modelo que consegue analisar o histórico do empreendedor a partir de informações encontradas em redes sociais e também feitas por clientes da empresa em resenhas postadas em sites”.

Daniel afirma que, ainda mais em época de crise e baixa dos juros, os investidores optam pelo modelo em busca de diversificação de investimentos e maior rentabilidade. Os empréstimos são utilizados principalmente para capital de giro. “As empresas geralmente nos procuram com dificuldade de caixa. Seus clientes estão inadimplentes e começam a pedir um prazo maior para pagamento. Então, elas precisam de mais fôlego financeiro para sustentar as suas atividades”. Também buscam este tipo de empréstimo empresas que já têm dívida, mas optam por trocá-la por uma mais barata.

Como qualquer instituição financeira, o Nexoos aciona um escritório de advocacia especializado em cobrança caso o empreendedor atrase as parcelas do empréstimo por mais de 60 dias. Também cobra uma taxa para emprestar o dinheiro, que é de, em média, 2% do valor.

 

Fonte: revista Exame